25 de mar. de 2009

Para refletir...

"Imprensa, o seu papel é o de excitar e inflamar as paixões entre o povo [...] E o público está muito longe de poder imaginar quem é o primeiro beneficiário da imprensa. [...] A imprensa nos será uma boa ferramenta para oferecer aos homens tantas opiniões diferentes que eles perderão qualquer visão global e se perderão no labirinto das informações. [...]Assim, eles chegarão à conclusão que o melhor é não ter opinião (política)."

FONTE Realidade Oculta

20 de mar. de 2009

"Jesus está cheio de admiradores!"

Foi a última coisa que ouvi antes de descer do ônibus. Saí de lá em estado de êxtase, tamanha importância do fato que acabara de presenciar: um culto (protestante, provavelmente) dentro de um ônibus; e daqueles lotados!

Não que a prática seja novidade. Acho que muita gente já teve a oportunidade de ver - e obrigatoriamente ouvir - aquele pessoal bem vestidinho, com a voz de besouro rouco, falando, ou melhor, "pregando" a palavra de Deus.

Mas o que me chamou a atenção hoje - durante os 20 minutos do caminho de volta da universidade pra casa - foi que contávamos até com a presença de um violonista, como todo "bom e velho culto novo".

Um dos "irmãos" ali presente (provavelmente algum aluno de História ou mesmo Filosofia, a julgar pela linha de argumentação) tomou as dores - e a coragem - dos demais" irmãos e irmãs" presentes e se pôs a argumentar contra o "pastor".

"Você tem que considerar que tudo tem lugar apropriado; e aqui não é lugar pra isso que você está fazendo. Fanatismo religioso é doença; e você está [muito] doente" disse nosso "anticristo salvador"(ele não era anticristo de verdade; só digo isso pra dá um impacto no nome da "oposição").

Muita gente se pôs a rir, inclusive eu. Não que eu desrespeite o fanatismo alheio - que é isso, longe de mim! - mas a resposta pra argumentação de nosso descontente foi muito boa: "Mas Jesus te ama!"

E assim ele respondeu as outras inúmeras criticas - verdadeiras pérolas da retórica que deixariam Platão no chinelo de um estagiário de jornalismo. O cara do violão sempre calado. Na dele.

Dali em diante, virou besteira.

Depois de sua voz de besouro rouco se render ao cansaço, o bom pastor disse que já estava guardando sua bíblia e pediu que todos o olhassem - como se precisasse pedir!

Rolou aquele silêncio de alguns "meios" segundos, porque o ônibus estava parado, não lembro se foi em um ponto de ônibus ou diante de um sinal vermelho. Então o pequeno pastor começou a cantar... Nem preciso dizer que tipo de música, nem tecer comentários sobre a afinação do moço.

A multidão se desmanchou em gargalhadas, inclusive eu. O cara não desistiu mesmo! E ficou lá de boa, como quem acabara de ser aplaudido.

Sei que ele falou, falou, falou [...] e falou. O anticristo desceu na UESPI e o culto perdeu a graça. No final, o pastor distribuiu uns pequenos panfletos. Não recebi, porque desci pela frente do ônibus. Mas tive a oportunidade de ouvir a primeira linha do textinho que dizia "Jesus está [de saco] cheio de [seus] admiradores." E Ele deve tá mesmo, bem como a galera do ônibus, o anticristo... Inclusive eu.
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Imagem: peace.mennolink.org

18 de mar. de 2009

Sobre o Jornal Hoje

Dois fatos me chamaram a atenção alguns minutos atrás, no "Jornal Hoje".

O primeiro, pode passar desapercebido pra quem não tem noção das chamadas técnicas jornalísticas. Mas eu como estudante de jornalismo - que já estou farta dos tais "critérios de noticiablidade" e daquelas técnicas demasiadamente toscas de produção do texto - percebi que a jornalista [?] adjetivou de "monstro" o austríaco Josef Fritzl - acusado de manter a filha em cárcere por 24 anos e outras coisas que as pessoas daqui já devem "tá por dentro" - sem sequer salientar que tal "apelido carinhoso" lhe é dado na Áustria, pela população - como já consta no site do Jornal. Acredito que o primeiro "global" de quem ouvi o adjetivo referente a Fritzl foi o "senhor imperador do jornalismo brasileiro", William Boner.

Até agora, todos os professores são extremamente exigentes no que diz respeito a adjetivação presente nos textos jornalísticos: "Evite a adjetivação pois empobrece o seu texto!" Tudo bem que evitar não significa deixar de usar. Mas no caso que mencionei, achei errado.


A foto é autoexplicativa. Fonte: Realgem’s Blog

"Sim, e eu com isso?" você deve ter se perguntado. De você, eu não sei, mas de muitos estudantes de jornalismo, eu posso dizer, tomam o "padrão globo" como referência. E chamar Fritzl de "monstro" está meio "fora do padrão" até onde sei; e desconheço qualquer formato televisivo de credibilidade que se utilize de tais adjetivações sem maiores explanações.

Então, se até o modelo quase perfeito de jornalismo tem vacilado, que padrão seguir?


Condenação de Josef Fritzl: o julgamento do século. Foto: BBC


Bem, só pra constar, não estou a defender o tal austríaco. Acho ele realmente digno desse ódio que a Áustria (e o mundo) criou com relação a ele. Mas sádico ou não, Josef Fritzl é gente que nem o resto da espécie; é tão imperfeito e estúpido quanto qualquer outro ser humano. Eu inclusive discordo em chamar um cidadão desses de "desumano" pois, afinal, o que é ser humano? É sem bonzinho a vida toda? É não roubar? Não negar socorro aos moribundos dos hospitais públicos? Se para "não ser humano" basta se enquadrar na negativa dessas questões que fiz, já posso excluir - sem medo - todos os políticos e mais de 50% da classe médica da lista dos que são "seres humanos", portanto, todos serão monstros.

A outra coisa que me deixou intrigada foi que o ator Dado Dolabela foi preso... Mas não acho isso pelos motivos que você deve ter imaginado a priori! O que aconteceu foi que ele ousou por duas vezes se aproximar de sua ex-namorada, a atriz Luana Piovani, desobedecendo uma uma decisão do judicial que lhe foi dada. O trato era permanecer somente a mais de 250 metros da atriz, que prestou queixa contra Dado por motivo de agressão. Mas alguém lembra de Marina Sanches Garnero, morta a sangue frio pelo ex-namorado numa academia da Vila Romana em SP? Acho que não. Mas clique aqui e relembre, por gentileza.

Marina registrou dois boletins de ocorrência e dois termos circunstanciados contra o motoboy Marcelo Travitzki Barbosa, seu ex-namorado. Foi bem mais que uma simples queixa, não é verdade? E porque as decisões judiciais não entram em vigor nesse caso? Aliás, por que não houveram decisões judiciais?

A verdade é que a notícia só vende se for o Dado dando - ficou estranho, eu sei - uns bofetões na Piovani e, no segundo caso, só vende depois que vira tragédia. Da mesma forma, só vende se o Fritzl for chamado de monstro e se os âncoras da globo fizerem aquela carinha de quem está morrendo de aflição por causa da situação "desumana" de algumas pessoas... Pura hipocrisia.

É por essas e por outras que eu tenho me decepcionado muito com minha futura profissão.